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19
Ago15

Escola, medo e tráfico

por Hilton Besnos

O post abaixo se refere a meados de 2009, início de 2010.O cenário mudou, e não há mais tantos riscos atualmente. Fica o registro. hILTON.

A EMEF Chico Mendes sofre as conseqüências do jogo de poder havido entre grupos ligados ao tráfico, o que é muito impactante em toda a comunidade escolar. Uma das conseqüências é o acréscimo considerável da infreqüência. Se for indiscutível o esforço pessoal dos adultos – na maioria pais, mães e mesmo avôs e avós – no sentido de estudar após uma jornada não raro extenuante de trabalho, infelizmente também já se tornou habitual o medo e a insegurança em razão da violência havida nas cercanias e no acesso à escola. O risco e o medo de ir e vir se impõem.

A sensação de violência e de insegurança não poupa alunos, professores, funcionários ou quem vem aqui como visitante ou requerendo serviços típicos como atestados, matrículas, enfim, toda uma universalidade de situações na qual está determinada a presença administrativa, de gestão ou pedagógica da escola.

Por outro lado, os serviços educacionais da educação de jovens e adultos começaram a matricular e acolher estudantes já a partir dos quinze anos, em um movimento que é denominado como juvenilização da EJA. Sendo os mesmos de menor idade, mais aumenta a responsabilidade da escola, a partir do momento em que deve – pela previsão legal do Estatuto da Criança e do Adolescente – se reportar ao Conselho Tutelar, ao Juizado da Infância e da Juventude e/ou ao Ministério Público quando situações de possíveis riscos pessoais ou de agressões possam envolvê-los.

O que se percebe, do ponto de vista pedagógico é uma perda no sentido de que não é crível que um ambiente de aprendizagem se sustente quando há uma ameaça simbólica ou real que o perturba seriamente. Como estudar se posso ser surpreendido por grupos que se digladiam na marginalidade e que podem produzir riscos graves à minha própria existência? Como sair da escola à noite sem qualquer tipo de proteção e ir para minha casa sabendo que o próprio ato de ir e vir é arriscado? Como aprender assim, dentro dessa insegurança?

E, se menor o estudante, qual a responsabilidade da escola se tiver de liberá-lo mais cedo porque a mesma está sendo ameaçada? Quem ou qual instituição irá solidarizar-se civilmente com tal liberação ou irá responder civil ou criminalmente se ocorrer uma fatalidade com esse (a) jovem?

Durante esse ano muitas vezes tivemos notícias que envolveram o assassinato e a violência contra nossos alunos; muitos não vêm mais para as aulas alegando falta de segurança e todos nós já escutamos disparos próximos à escola. Até quando tal situação? Quem pode lecionar ou qual o processo de aprendizagem que pode se sustentar em meio à tais realidades, onde professores (que também tem suas famílias), estudantes e demais pessoas correm um risco real? Até quando iremos sair todos os professores em caravanas no final das aulas da noite? HILTON BESNOS

 

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“More than 130 million girls and women have experienced female genital mutilation or cutting …”

Nigeria made history by outlawing female genital mutilation. The ban falls under the Violence Against Persons (Prohibition) Act 2015 that was passed in Senate on May 5 and recently enacted into law.

This was one of the last acts by the outgoing president, Goodluck Jonathan. His successor, Muhammadu Buhari, was sworn into office this past Friday, May 29.

 

Female genital mutilation or cutting (FGM/C) is the act of either partially or totally removing the external female genitalia or causing injury to the female genital organs for non-medical purposes.

According to UNICEF:

“More than 130 million girls and women have experienced FGM/C in 29 countries in Africa and the Middle East where the practice is most common.”

With the help of community activism, campaigns and numbers of organizational efforts to end this practice, UNICEF reported that teenage girls were now one-third less likely to undergo FGM/C today than 30 years ago.

Now with the new law criminalizing this procedure, the hope is the ban will fully eliminate this practice and be strongly enforced to combat any existing societal pressures.

 

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13
Ago15

Atualizado em  31 de março, 2014 – 16:14 (Brasília) 19:14 GMT

Nana Queiroz iniciou campanha online contra a ideia de atribuir culpa do estupro à vítima

Desde que iniciei o protesto on-line “Eu não mereço ser estuprada”, na noite da última quinta-feira, recebi uma série de depoimentos de mulheres, homens e adolescentes que foram vítimas de abuso sexual. É incrível como essas histórias têm força, muito mais força que os números. E o que vi é que o estupro geralmente não ocorre à noite, num beco escuro. Ele ocorre, principalmente, em situações mais cinzentas.

No Distrito Federal, onde vivo, uma pesquisa publicada no ano passado, por exemplo, indicou que 85,2% dos estupros acontecem dentro da casa da vítima ou do agressor. Os números são chocantes, e me sinto na obrigação de contar sobre alguns rostos por trás das estatísticas.

Joana foi abusada sexualmente pelo pai durante toda a infância. O mais curioso é que ela só percebeu ter sido vítima de abuso na vida adulta – e o pai dela não percebeu até hoje. Sabe por quê? Porque ele nunca a penetrou. Enfiava a mão por dentro de sua calcinha, acariciava seus seios mas, para ele, abuso sexual é penetração.

No entanto, segundo a Lei Ordinária Federal nº 12.015, de 2009, que alterou o Código Penal Brasileiro, o crime de estupro não se refere somente à penetração, mas a qualquer ato de “conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”.

Outra história. Certa noite, Maria estava entediada. Foi à casa de um amigo em quem confiava muito para ouvir música e beber até cair. Temerosa de dirigir para casa embriagada, ela pediu para dormir em seu sofá até que o efeito do álcool se dissipasse. Acordou algumas horas depois com a bruta inserção de um pênis em sua vagina. Ela gritou, protestou, exigiu que parasse. Ele prosseguiu até não conseguir mais lutar contra ela. Argumentou que a culpa era dela por ter dormido na casa dele.

Devíamos nos concentrar em explicar aos homens como não estuprar, e não em dizer às mulheres como não serem estupradas

Nesse caso, vale um raciocínio básico: na dúvida, é estupro. Não tem certeza se ela está suficientemente consciente? É estupro. Não sabe se álcool ou drogas afetaram sua capacidade de julgamento? É estupro. Ela está semiacordada? É estupro. Devíamos nos concentrar em explicar aos homens como não estuprar, e não em dizer às mulheres como não serem estupradas.

Marco foi estuprado aos cinco anos pelo irmão. Na vida adulta, ele teve coragem de contar aos pais. Pressionado para dar explicações, o abusador, que era bem mais velho que Marco, afirmou: “Eu já havia percebido que ele era gay, imaginei que ele iria gostar, e ele gostou”.

Mas crianças não podem “gostar” ou não de sexo. Elas ainda não têm a maturidade e os critérios para definir se desejam ou não uma relação sexual. A ONG Childhood, que trabalha com vítimas de pedofilia, explica que “a natureza sexuada, inerente a qualquer criança, não pode ser entendida no sentido genital, mas sim no contexto de uma série de experiências psicológicas e físicas que vão, aos poucos, dando forma a seu pensamento e a seu corpo, ao que ela pensa sobre seu corpo e como o sente”.

Mais: vocês sabiam que mais de um terço dos abusadores de crianças são também menores de idade? Ou seja, você que forçou seu primo ou prima mais nova a ter envolvimento sexual com você também cometeu um abuso, mesmo sendo menor de idade. Este é o caso de Marcelo, um belo homem que foi abusado constantemente por um primo cinco anos mais velho durante a infância. Quando enfrentou o abusador, apoiado pela família, na vida adulta, o abusador alegou: “Eu também era menor de idade, portanto, não sou culpado”. É, sim. Mas, claro, deve ser tratado como um menor ofensor, que não tinha seu caráter ainda completamente formado.

Finalmente, gostaria de dizer que tenho recebido e-mails de pessoas que sugerem castração e pena de morte para abusadores. Não creio que a solução esteja por aí. A lei brasileira já protege amplamente o abusado. Temos que pedir que ela seja aplicada e não que endureça. O trabalho deve se concentrar em educar os homens para que não estuprem, as mulheres para que denunciem, os policiais para que não culpem as vítimas e os familiares para que não acobertem os casos de abuso intrafamiliares.

O primeiro passo para evitar mais histórias como as de Marco, Marcelo, Maria e Joana é a mudança do discurso. Diga às suas filhas que elas são dignas e que seu corpo é só delas. Ensine seus filhos a respeitar as mulheres e buscar o sexo como uma experiência mágica a dois. Não deixemos esse movimento morrer. Eu lancei a pergunta, agora, a resposta é com vocês!

Nana Queiroz, 28 anos, é autora do movimento “Eu não mereço ser estuprada”, criado no Facebook na última quinta-feira em resposta ao resultado de uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) segundo a qual 65% dos brasileiros acham que mulheres com roupas curtas merecem ser atacadas. O movimento ganhou a adesão de 44 mil pessoas e repercutiu em vários países. Jornalista formada pela USP, Queiroz estuda desde 2009 o sistema carcerário feminino do Brasil. A pesquisa dará origem ao livro “Presos que Menstruam”, a ser publicado até o fim de 2014.

 

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FONTE BBC BRASIL

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150126_campo_concentracao_mulheres_cc?ocid=socialflow_facebook

O esquecido campo de concentração nazista só para mulheres

  • Há 2 horas

Mulheres de Ravensbrück | Foto: Getty
Campo no leste da Alemanha reuniu mulheres judias, ciganas, prostitutas e ativistas europeias

Auschwitz-Birkenau, Treblinka e Dachau são notórios campos de concentração do Terceiro Reich alemão que se fixaram na consciência humana por causa das atrocidades cometidas com os homens, mulheres e crianças presos neles.

Muitos outros campos são menos conhecidos, como o de Ravensbrück.

Apesar de ter sido um dos primeiros a serem abertos – em 1939, pouco antes do início da guerra, a 80 km de Berlim, em um cenário idílico na costa báltica – e um dos últimos a serem liberados – em 1945 –, este campo de trabalho e, no final, de extermínio, permaneceu às margens da história.

Ravensbrück era exclusivamente para mulheres.

No fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de 130 mil haviam passado por suas portas.

Entre 30 mil e 50 mil morreram de fome, de exaustão, de frio ou pelos tiros e pelo gás administrados pelos guardas nazistas.

Nomes de campos de concentração nazistas | Foto: Getty
Campo de mulheres foi um dos primeiros a serem abertos e o último a ser liberado

Várias internas eram judias, mas elas não eram maioria. Havia prisioneiras políticas, ciganas, doentes mentais ou as chamadas “associais” – prostitutas ou quaisquer mulheres consideradas “inúteis” pela doutrina nazista.

“Ravensbrück era uma história com a qual eu havia me deparado e me dei conta de que era quase desconhecida”, disse à BBC Sarah Helm, que acaba de publicar um livro sobre o campo de mulheres.

Leia mais: Bebê ‘ariano ideal’ em capa de revista nazista era judia

O livro se chama Se isto é uma mulher, uma referência ao famoso livro do escritor italiano Primo Levi Se Isto é um homem, que descreve sua prisão por ser um membro da resistência antifascista na Itália e sua experiência no campo de Auschwitz.

“Assim como Auschwitz foi a capital do crime contra os judeus, Ravensbrück foi a capital do crime contra as mulheres”, afirma Helm.

“Estamos falando de crimes específicos de gênero, como abortos forçados, esterilização, prostituição forçada. É uma parte crucial da história das atrocidades nazistas.”

Helm diz ainda que, na fase final do campo, muito depois de ter sido suspenso o uso de câmaras de gás nos campos mais ao leste da Europa, uma delas foi construída em Ravensbrück. “Eles levaram partes das câmaras desmanteladas em Auschwitz. Até esse extermínio – no qual morreram seis mil mulheres e que foi o último extermínio em massa da história do nazismo – foi, em grande medida, deixado de lado.

Trabalho escravo

Crematório em Ravensbrück | Foto: Getty
Prisioneiras foram exterminadas em câmaras de gás mesmo depois do fim da prática em outros campos

Selma van der Perre foi uma das internas de Ravensbrück e contou à BBC como eram os dias naquele lugar.

“Éramos despertadas a gritos às quatro da manhã. Em seguida, tinhamos que responder à chamada e nos davam café. Nos deixavam ir ao banheiro e às 05h30 tínhamos que ir trabalhar na fábrica da Siemens, onde pagavam pelas prisioneiras: nós não recebíamos o dinheiro, ele era entregue à SS (força paramilitar nazista).”

“Trabalhávamos por 12 horas e depois voltávamos ao campo. Por volta das 20h nos davam um prato de sopa e dormíamos.”

A rotina era recheada de casos de crueldade dos quais pouco se falou. Tragédias que, ao serem contadas por sobreviventes, segundo Helm, fizeram com que ela e também seus tradutores chorassem, como a descrição de uma francesa sobre como deixavam que os bebês morressem de fome.

Outros testemunhos afirmam que algumas mulheres eram “deixadas quase nuas na neve até morrerem” e outras tinham “germes de sífilis injetados na medula espinhal”.

Coragem em meio ao desespero

Cartaz de cerimônia para relembrar prisioneiras | Foto: Getty
Mulheres eram submetidas a crimes de gênero e a cruéis experimentos científicos

Em seu livro, Helm também destaca as histórias de bravura e de solidariedade, como a das “77 cobaias”, que reúne ao mesmo tempo o melhor e o pior de Ravensbrück.

Em 1942, as prisioneiras passaram as ser usadas como cobaias em experimentos científicos. Em “operações especiais”, elas tinham os músculos da pele cortados e eram inseridos vidro, madeira ou terra nos ferimentos. Algumas não recebiam tratamento e outras sim, com tipos de drogas diferentes.

Os experimentos se repetiram algumas vezes, mas quando chegou o momento de esconder as provas e matar as cobaias, todo o campo conspirou para escondê-las.

“Aqueles experimentos não provaram nada para a ciência, mas, sim, para a humanidade”, escreve Helm.

Mas por que se sabe tão pouco sobre esse campo de mulheres?

Estátuas em Ravensbrück | Foto: Getty
Após o fim da guerra, história de Ravensbrück ficou escondida sob a cortina de ferro

“Uma das razões principais é que, depois dos julgamentos pelos crimes de guerra, que ocorreram imediatamente depois do fim da Segunda Guerra Mundial, começou a Guerra Fria, veio a cortina de ferro e Ravensbrück ficou do lado oriental – de modo que permaneceu, em grande medida, inacessível ao Ocidente”, afirma a escritora.

“Os que estavam no leste da Alemanha não esqueceram de Ravensbrück, mas o converteram em um centro de resistência comunista, de maneira que as lembranças das mulheres ocidentais e das judias desapareceu por completo da história. Também desapareceu a história das alemãs que estiveram lá no início, que é uma das mais esquecidas.”

Eram mulheres como a austríaca defensora dos direitos da mulher Rosa Jochmann, social-democrata e membro da Resistência; como Läthe Leichter, a feminista socialista mais famosa durante o período da “Viena vermelha”, entre as guerras mundiais, e como a alemã Elsa Krug, uma prostituta que praticava BDSM (sigla em ingês para Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), mas se recusou a bater nas outras prisioneiras.

“Ignorar Ravensbrück não é só ignorar a história dos campos de concentração, é também ignorar a história das mulheres”, afirma Sarah Helm.

 

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