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23
Ago15

What goes up

por Hilton Besnos

 

Estamos, no vídeo acima, observando um cenário tão habitual mas, ao mesmo tempo, tão incrivelmente desconhecido, que beira ao desconforto. O que sabemos sobre o mundo do petróleo é jogado para os nossos universos micro, o quanto pagamos de gasolina no posto, qual vai ser o percentual de aumento sobre os produtos e os impactos sobre o custo de vida, a cesta básica, etc. Sabemos, por exemplo, das  notícias  sempre aflitivas de conflitos em zonas produtoras, enfim um caos que mereceria uma compreensão maior de nós todos, simples mortais. Basta pensarmos no pré-sal. o que sabemos? O que nos dizem, e é só, ou seja, o jornalismo é que nos mantém sabedores do que, evidentemente, interessa que saibamos.

Quando se fala em petróleo, se fala igualmente que não é uma fonte renovável de energia e, menos ainda, uma fonte limpa ou ecológica de energia. Um documentário informou que, após a idade do carvão como matriz mundial energética, o mesmo foi substituído pelo petróleo, mas que não existe qualquer outra fonte que o suceda. O mundo inteligente se volta, então, para as energias limpas, como a eólica e a solar, por exemplo, mas o fim do petróleo decretará consigo o fim de uma época importante para toda a humanidade.

Por outro lado, falar em petróleo é também pensar do ponto de vista cultural, social, antropológico, de exploração tecnológica e, não raro, pensar em guerras de dominação econômica e que se camuflam convenientemente sob o non-sense ideológico. De todo modo, o filme acima é uma preciosidade, e pode ser analisado sob vários ângulos que denunciam, cada um a seu modo, a predação e a tolice civilizatória de jogarmos todas as nossas fichas em apenas uma grande, mas finita, matriz energética.

Também nos alerta sob o fato de que teríamos de investir firmemente em processos alternativos energéticos, e, quem sabe, olharmos para a natureza com olhos distintos daqueles com que a observamos, sob cobiça, exploração de recursos não renováveis e pura e simples destruição para a sangrarmos com a pretensão de lucros cada vez  maiores. Talvez aprendamos com o petróleo, ou com seu ciclo, que somos parte planetária, e que a natureza, gostemos ou não, reage a cada absurdo que cometemos. Nós somos os passageiros, mas não comandamos o que nos transporta.

O vídeo nos ensina. Sejamos humildes, aprendamos um pouquinho, um ínfimo que seja. HILTON BESNOS

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FONTE: BLOG INFOPETRO

http://infopetro.wordpress.com/2012/03/19/observatorio-de-geopolitica-da-energia-ii-o-jogo-do-gas-natural-entre-europa-e-russia/

 

Observatório de geopolítica da energia II: o jogo do gás natural entre Europa e Rússia

In gás natural on 19/03/2012 at 00:15

Por Renato Queiroz e Felipe Imperiano

 

 

O acesso  a recursos que revertam em  segurança energética  constitui-se em tema relevante nas pautas de política externa dos países. A concentração espacial de recursos naturais estratégicos para o desenvolvimento das nações e garantidores do nível de bem-estar de seus cidadãos tem consequências profundas no delineamento das políticas energéticas das nações. O uso de ativos energéticos como ferramenta de defesa de interesses políticos e econômicos não é algo novo no cenário internacional.

Um bom exemplo que se tornou emblemático para os estudiosos em geopolítica energética é a situação de dependência da Europa em relação ao  gás russo e, em contrapartida, como o gás natural é estratégico para o desenvolvimento econômico da Rússia. O Estado russo sempre se valeu de suas enormes reservas de óleo e gás. O país tem a sétima maior reserva de petróleo do mundo e a maior reserva de gás natural, isto é, 24% do total.  Em 2010 a Rússia foi ao mesmo tempo maior produtor de gás natural, alcançando a cifra de 637 bcm (bilhões de metros cúbicos), isto é, 19,4% do total produzido mundialmente, sendo ao mesmo tempo o número um em exportações (IEA, 2011).

A  Europa, ávida por energia, traçou planos para o suprimento ao seu mercado através de fontes longínquas de suas fronteiras. Os russos se mobilizaram e vieram construindo de forma gradual e persistente seus oleodutos e gasodutos em direção à Europa. A Rússia tem um planejamento nacional estratégico expansionista, baseado em  exportação de energia sendo, inclusive, o único exportador líquido de energia dos BRIC´s. O principal mercado para o gás russo é a Europa.

Como o crescimento do consumo de gás no continente europeu deve permanecer por longo período, essa dependência energética da Rússia deve ter vida longa segundo muitos analistas. A fatia da estatal russa Gazprom  no mercado europeu ultrapassa 50%.  Agravando essa dependência, surge a insegurança que ronda as decisões sobre o uso de plantas de geração de energia nuclear na Europa, o que coloca o gás natural como uma forte opção para atender a uma oferta perdida. Em adição, a crise econômica iniciada em 2011 deflagrou um processo de austeridade fiscal, o qual traz consequências importantes sobre a capacidade de financiamento de fontes alternativas de energia,  aumentando ainda mais a dependência da matriz europeia  ao  gás natural.  Logo, essa questão ganha contornos mais complexos no continente europeu, posto que o seu número de fornecedores é bastante reduzido.

Os russos sempre utilizaram as mais diversas estratégias para manterem seus negócios energéticos com a Europa. O subsídio da energia para os estados membros da antiga URSS já era uma prática comum antes mesmo da ascensão ao poder de Vladmir Putin na Rússia, por exemplo. Ainda hoje esse artifício é bastante usado pelo Kremlin. Nas recentes disputas pelo preço do gás com os países do leste europeu, foi oferecido o perdão da dívida em troca do monopólio da rede de dutos que passam por aqueles países para levar gás russo até o oeste europeu e assim aumentar o controle da Gazprom sobre o transporte do suprimento energético para a Europa.

Por um lado, se a Europa é bem dependente da energia proveniente da Rússia, por outro ela exerce importante papel na economia russa. A União Europeia não só é o principal parceiro comercial, como também a maior fonte de investimento direto estrangeiro (IDE) no país. Em 2008 o IDE da UE na Rússia atingiu US$ 43 bilhões, sofrendo uma substancial queda após a crise financeira mundial, porém se recuperando rapidamente e chegando ao patamar de US$ 34 bi já em 2010. Mas há gargalos de infraestrutura e de atraso tecnológico na Rússia.  O país necessita de fortes investimentos nessas áreas e de transferência  de  know-how ocidental, vital para que o seu setor energético não enfrente uma queda na produção, o que poderia afetar drasticamente o orçamento do Estado. Assim, o fluxo de recursos financeiros provenientes das vendas de gás para a Europa é vital.

Além disso, o preço pago pelo gás russo teve consideráveis elevações nos últimos anos,  aproximando-o do Gás Natural Liquefeito-GNL, o que fez com que este se tornasse mais competitivo. O gráfico abaixo apresenta a evolução dos preços do gás natural nos mercados, incluindo o do gás natural no Henry Hub.

Tal competitividade levou a Rússia a monitorar atentamente o mercado de GNL, desenvolvendo estratégias que impeçam que esse gás concorrente aumente a sua  participação no mercado energético europeu.  Como exemplo, em novembro de 2011, em Doha, no Qatar, na  1ª Cúpula de Países Exportadores de Gás Natural [1], os russos, representados pelo seu presidente Dmitri Medvedev, estiveram nessa cimeira com uma posição de defender seu mercado de gás. Afinal a expansão das plantas de GNL é uma forte ameaça para a manutenção do marketshare russo, podendo levar a uma perda de receita significativa.  A Rússia, assim, negociou com o Qatar, em troca de não aumentar o  fornecimento de GNL à Europa, o direito de investir no projeto Yamal que vai produzir gás natural liquefeito na península de mesmo nome  na Sibéria, uma espécie de embargo do GNL ao velho continente.

A Europa, no entanto, busca soluções de novas fontes de fornecimento de gás fora da Rússia. A região do Cáucaso e da Ásia Central se tornou a nova fronteira energética, sendo alvo de disputa por diversas potências. O Turcomenistão tem a quarta maior reserva de gás do mundo, o Cazaquistão a nona maior de petróleo. O Azerbaijão tem  reservas de gás comprovadas que totalizam cerca de 2,6 trilhões de metros cúbicos.  As perspectivas de  produção de gás no Azerbaijão em 2017 atingirão 30 bilhões de metros cúbicos,  e em 2025 – 50 bilhões. A Europa tem no “Corredor do Sul”, como é chamado o conjunto de projetos que pretendem ligar a região ao continente europeu, a sua principal alternativa para reverter o quadro delicado em que se encontra no campo energético.

O gasoduto Nabucco, por exemplo, é o projeto mais ambicioso e mais caro de todos. A base prevista de recursos são as reservas no Azerbaijão e Turcomenistão.  Esse  gasoduto transportaria gás da Ásia Central à Europa de forma a reduzir a dependência da energia russa. Há dificuldades ainda para a concretização do projeto. O gasoduto de grande extensão necessita de cerca de 14 bilhões de euros para o seu financiamento e  tem ainda um traçado que exige difíceis acomodações políticas. Essa indefinição faz com que os russos mantenham a determinação de influenciar o mercado europeu de energia.

Historicamente a região do Cáucaso e Ásia Central esteve sobre a égide russa. Logo, Moscou lança mão de todas as táticas para  manter a área dentro de seu controle político,  buscando inclusive estabelecer ações, para que  os fluxos de energia para a Europa sigam pela sua rede de transporte. Uma das manobras russas é enfraquecer o poder dos ucranianos que tem um histórico de colocar empecilhos técnicos e comerciais,  para que o gás russo, que passa pela Ucrânia, chegue à Europa. A Rússia, assim, buscou acabar com a sua dependência em relação ao gasoduto da Ucrânia. O projeto russo-alemão Nord Stream,  inaugurado em 2011, dá condições à Rússia de enviar gás natural diretamente para a Europa através de gasodutos submarinos construídos no Mar Báltico. Outra estratégia dos russos seria a construção do projeto South Stream nas águas territoriais turcas no Mar Negro. A Turquia já autorizou que os russos passassem o duto por suas águas territoriais. Esse projeto, se consolidado, permitirá que a Rússia atinja o sudeste europeu, podendo inviabilizar o projeto Nabucco.

Verifica-se que os russos estão acelerando suas ações para manter a condição de fornecedor principal de gás à Europa, afinal, além do GNL, um novo e forte concorrente bate à porta, querendo  entrar no jogo: o shale gás, ou seja, o gás recuperável nas rochas de xisto. Vale ressaltar que a Polônia, que se organiza para explorar  suas reservas de gás de xisto que beiram 5,0 trilhões de metros cúbicos,  pode reduzir a dependência de Moscou sobre a Europa.

O jogo do gás natural entre Europa e Rússia trará, no médio prazo, novas configurações. O aumento da oferta do gás natural seja convencional, shale gás, ou GNL mexerá no tabuleiro energético não somente da Ásia e Europa, mas também no âmbito mundial. Um dado curioso é comparar as reservas provadas de gás convencional que somam 6.608 trilhões de pés cúbicos-TCF( trillion cubic feet) ou seja,  cerca de 187 trilhões de metros cúbicos, segundo a BP,  e o volume de shale gas recuperável,  conforme estudo da EIA de 2011, que soma o mesmo nível do convencional, 6.620 TCF ou 187,4 trilhões de metros cúbicos.

Em suma a maior oferta de gás trará um alinhamento dos mercados. Esse cenário de gás abundante no horizonte de 20 a 40 anos (2030 a 2050) influenciará, certamente, os preços dos combustíveis fósseis e pode, inclusive, respingar no mercado das energias renováveis.


[1] A 1ª Cúpula de Países Exportadores de Gás Natural reuniu  Rússia, Argélia, Bolívia, Venezuela, Egito, Irã, Qatar, Líbia, Nigéria, Guiné Equatorial e Trinidad e Tobago. Estavam presentes como observadores a Holanda, a Noruega e o Cazaquistão. Esses 14 países controlam 70% das reservas mundiais de gás e mais de 80% da produção do gás natural liquefeito-GNL

Referencias Bibliográficas

BP Statistical Review of World Energy, 2011

IEA World Energy Outlook, 2011

EIA-DOE World  Shale Gas Resources: An Initial Assessment of 14 Regions Outside

Leia outros textos de Renato Queiroz no Blog Infopetro

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22
Ago15

 

 

O que é o voracilo parasitário? Este termo foi criado por Rualdo Menegat (citado no post MENEGAT, LIAU E AS CIDADES) e significa a demanda das cidades em relação aos seus dejetos, aos seus materiais inaproveitados, às suas sobras. Como dar conta desse voracilo que despeja toneladas de objetos os mais variados sob o nome genérico de lixo? Caliça, vidros, madeiras, materiais orgânicos, dejetos hospitalares, sobras, rejeitos, pilhas, pedaços de tudo quanto se imagine, enfim, uma atividade que poderia ser comparada metaforicamente ao produto de um metabolismo gigantesco e insano?

Em São Paulo há projetos bastante eficazes de aproveitamento do lixo. Para a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos (Abetre), São Paulo “é líder no País em número de unidades privadas de tratamento de resíduos industriais. Com um Produto Interno Bruto de R$ 436 bilhões o Estado conta com 17 aterros, quatro incineradores e cinco plantas para uso do resíduo como combustível para fornos de cimento. São Paulo conta com as mais avançadas tecnologias para o tratamento e disposição de resíduos industriais do Brasil” (http://www.odebate.com.br/)

velocilo é associado à velocidade alienadora que impulsiona industrialmente os nossos cotidianos. Em meio à tal compressão do tempo e dos espaços, temos também uma incompreensão de nossos próprios tempos, de nossas próprias relações com os demais. Circulando em grupos de diversas naturezas (profissionais, pessoais, de estudos, de pesquisas, comunitários, políticos, religiosos, de consumidores, esportivos, etc.), muitas vezes nos alienamos de nosso semelhante e, a contragosto ou não, acabamos sendo cooptados pelo voracilo e pelo velocilo que, em verdade se complementam como uma estrutura indefinida, controladora, não-linear, indiferente e em boa parte, formadora de desconhecidos que vivem em comum.

Para o Professor Rualdo Menegat uma das maneiras mais eficazes de entendermos a cidade e diminuirmos os efeitos nefastos do voracilo parasitário e do velocilo repousa em um quadrilátero de ações que se integram de modo orgânico: educação, gestão ambiental, conhecimento e participação cidadã. O que importa é que esses cenários que parecem tão distintos possam interagir de modo a privilegiar não apenas uma melhor qualidade de vida para os cidadãos, mas um impacto menor ao meio ambiente, em razão das atividades do homem.

Aqui o papel da escola é fundamental, não só informando mas especialmente formando uma consciência na qual o sentimento de descartabilidade seja substituído por um sentido comunitário muito mais forte. Ao pensarmos no global, muitas vezes corremos o risco de esquecermos o local, o que está próximo a nós, onde vivemos e circulamos, onde estabelecemos nossas relações com o mundo. Essa matriz de pensamento nos leva a adquirirmos um sentimento que dificulta em muito qualquer tipo de ação mais efetiva: a indiferença. Nos tornamos insensíveis em relação ao meio-ambiente porque nos resta a sensação de que a mãe Terra é muito vasta e que os recursos naturais nunca nos faltarão, mesmo que nos informem o contrário, que os cientistas demonstrem que essa fartura material é uma falácia, e tenhamos aprendido desde cedo que, dos mananciais de água existentes, menos de um terço são de água potável: mesmo assim continuamos desperdiçando água, energia, petróleo, ao mesmo tempo que nos quedamos indiferentes quanto às devastações florestais, o aquecimento global e com o lixo que não separamos. Continuamos entulhando os cursos d’água com todo o tipo de dejetos que possamos produzir.

A escola não apenas deve alertar, mas criar ações contínuas para que adquiramos uma consciência de que o voracilo e o velocilo não discriminam gênero, etnia, idade: simplesmente as consomem. A consciência do homem, contudo, deve ser, ao mesmo tempo local e planetária. Se a informação muitas vezes não basta, o caminho muitas vezes árduo, longo e não raro imprevisível da formação deve ser especialmente focado. Infelizmente, talvez não haja tempo suficiente para revertermos a situação. Falta-nos, como sempre, humildade.

Contudo, sejamos socialmente críticos para entendermos que os países que mais poluem o mundo, portanto as cidades, os campos, os mananciais de água, são justamente os mais poderosos: Estados Unidos e China. Não basta, portanto, sermos ingênuos. Precisamos de ações políticas que toquem no ponto mais sagrado do capitalismo: o bolso. Aí, e somente aí teremos a possibilidade de sermos ouvidos (e levados a sério).

Enquanto os Estados Unidos, além de não assinarem o tratado de Kioto, continuarem predando o mundo e a China continuar alimentando um modelo de produção e de trabalho semi-escravista, adotando padrões de violência ambiental extremamente nítidos, teremos graves dificuldades. Nenhum dos dois gigantes pretende melhorar qualquer coisa a respeito de seus projetos econômicos, sociais e ambientais. Nós todos pagamos a conta. Há voracilos e velocilos que possuem bandeiras internacionais. E que um dia devorarão não somente a si próprios, mas a todos nós. HILTON BESNOS

 

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17
Ago15

O país da água

por Hilton Besnos

FONTE: CONEXÃO ISRAEL

http://www.conexaoisrael.org/o-pais-da-agua/2014-05-15/amir

O país da água

Como Israel venceu um dos seus maiores desafios e transformou-se em uma nação com excesso de recursos hídricos?

Uma fonte de problemas políticos e econômicos

Desde antes da criação do Estado, a questão do abastecimento de água esteve na pauta de prioridades das lideranças sionistas. Um dos motivos da criação dos livros brancos na época do mandato britânico, que restringiam à imigração de judeus a terra de Israel na época do Ishuv, foi o relatório escrito peloexpert em agricultura, Sir John Hope Simpson, que apontava para um gargalo no suprimento de água na região, impedindo assim qualquer aumento populacional, sob pena de uma total escassez de recursos hídricos para seus habitantes.

A apreensão apenas se intensificou após 1948. Em menos de dez anos, a população do país mais do que duplicou e a falta de suprimento de água figurava entre os principais desafios do recém-criado estado.

O tempo passou, mas o desafio continuava. O desenvolvimento agrícola restringia-se de acordo com as possibilidades do país – a escolha do tipo de produto agrícola dependia da quantidade de água necessária para o seu plantio. A disputa pelos recursos hídricos serviu de fonte de atritos políticos tanto com a Síria, como com a Jordânia. Inclusive, a disputa pela água do rio Jordão foi um dos principais motivos causadores da Guerra dos Seis Dias. Ou seja, a água era tanto um problema estratégico interno que limitava o desenvolvimento econômico, como uma fonte reincidente de atritos com os países vizinhos.

imagem kineret

Se a demanda aumenta…

Sir John Hope Simpson tinha razão em dizer que o aumento da demanda tornaria inviável a questão hídrica no país, mas ele errou em acreditar que a oferta de água se manteria estática.

Havia espaço para novas fronteiras tecnológicas. A revolução teve origem na utilização de duas novas fontes de água não consideradas previamente: a água tratada do esgoto e a água proveniente do processo de dessalinização.

O gráfico 1 nos mostra a evolução da quantidade de água tratada por esgoto (reutilizada para fins agrícolas) e a água obtida por meio do processo de dessalinização em 1990, 2000, 2010 e 2011.

 grafico1

Por falta de dados mais detalhados para todas as categorias, não expus as quantidades atuais, mas estima-se que em 2013, as plantas de dessalinização já detém o potencial de produzir 505 milhões de metros cúbicos (mais que o dobro do que está apontado no gráfico para o ano de 2011). Uma revolução. O avanço tecnológico se deu por conta de um grande investimento do governo em plantas de dessalinização, mesmo quando estas ainda eram economicamente inviáveis.

Na última década, beneficiados pela descoberta de campos de gás natural – fato este que torna menos custosa a produção de água por este método, reconhecido por seu altíssimo consumo de energia – os israelenses passaram a contar com uma fonte segura de abastecimento. Estima-se que o custo baixou de $1 por metro cúbico para $0.40, ou até menos nas plantas mais modernas.

Paralelamente, Israel criou um esquema de tratamento de água de esgoto para fins agrícolas que está entre os mais desenvolvidos do mundo. Como pode ser visto no gráfico 2, a partir de 2011 o uso deste tipo de água foi maior que o uso de água doce na agricultura. A utilização deste recurso tem dois benefícios simultâneos: introduz uma nova e importantíssima fonte de água para o país e reduz a necessidade do uso de fertilizantes, já que a água reciclada já contém diferentes nutrientes que ajudam no enriquecimento do solo.

grafico2

As consequências

Da mesma forma que no campo político, a questão da água passou de motivos de guerra para a assinatura de acordos de paz com os jordanianos, a receita pode repetir-se agora que Israel goza de um saldo de recursos. Este superávit pode ser uma importante moeda de troca em uma região em que a água ainda é escassa e disputada. Se não diretamente, a elaboração de projetos de cooperação em conjunto com países vizinhos pode vir a ser um fator essencial na criação de uma utópica (hoje em dia!) integração regional.

Gráfico 3 – Variação do nível da água do lago Kineret

A linha vermelha de baixo representa o limite inferior: o momento de preocupação do israelense

Enquanto isso, a população segue observando atentamente o nível de água do lago Kineret (gráfico 3). Anos de poucas chuvas são marcados por apreensão, enquanto anos chuvosos ainda são comemorados. A cultura por aqui continua a mesma, seja por desconhecimento, seja por tradição.

Particularmente, não acredito que a população mudará seu comportamento, já que esta cultura de valorização dos recursos hídricos passou a ser uma marca da sociedade – ela está enraizada no pensamento do israelense.

Mas mais importante que isso, a história da água apresenta uma característica ainda mais marcante desta sociedade. Característica esta que foi a responsável pela idealização, criação e segue hoje sendo um pilar básico da continuação deste Estado: a exímia capacidade de transformar desafios em oportunidades.

Fontes:

http://www.haaretz.com/news/national/1.570374

http://www.water.org.il/

http://www.mekorot.co.il/HEB/WATERRESOURCESMANAGEMENT/CONSUMEDATA/Pages/default.aspx

http://www.mekorot.co.il/Heb/articles/Pages/Kinneret.aspx

www.cbs.gov.il

Livro de ouro da agricultura e colonização – Editado pelo jornal Maariv, 2012

 

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https://leonardoboff.wordpress.com/2014/11/01/estamos-indo-direto-para-o-matadouro-diz-antonio-nobre/

 

“Estamos indo direto para o matadouro”, diz Antonio Nobre

01/11/2014
 
Antonio Donato Nobre é um dos nossos melhores cientistas, pertence ao grupo do IPCC que mede o aquecimento da Terra e um especilista em questões amazônicas. É  mundialmente conhecido como  pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Sustenta que o desmatamento para já, inclusive o permitido por lei sem prejuizo do agronegócio que de ve incorpar fatores novos da falta de água e das secas prolongadas. Enfatiza:”A agricultura consciente, se soubesse o que a comunidade científica sabe, estaria na rua, com cartazes, exigindo do governo proteção das florestas e plantando árvores em sua propriedade”. Publicamos aqui sua entrevista aparecida no IHU de 31 de outubro de 2014, dada a urgência do tema e seus efeitos maléficos notados no Sudeste, especialmente na metrópole de São Paulo. Temos que divulgar conhecimentos para assumirmos atitudes corretas e organizarmos nosso desenvolvimento a partir destes dados inegáveis:Lboff*********************************

 

EIS A ENTREVISTA.

QUANTO JÁ DESMATAMOS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA?

SÓ DE CORTE RASO, NOS ÚLTIMOS 40 ANOS, FORAM TRÊS ESTADOS DE SÃO PAULO, DUAS ALEMANHAS OU DOIS JAPÕES. SÃO 184 MILHÕES DE CAMPOS DE FUTEBOL, QUASE UM CAMPO POR BRASILEIRO. A VELOCIDADE DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA, EM 40 ANOS, É DE UM TRATOR COM UMA LÂMINA DE TRÊS METROS SE DESLOCANDO A 726 KM/HORA – UMA ESPÉCIE DE TRATOR DO FIM DO MUNDO. A ÁREA QUE FOI DESTRUÍDA CORRESPONDE A UMA ESTRADA DE 2 KM DE LARGURA, DA TERRA ATÉ A LUA. E NÃO ESTOU FALANDO DE DEGRADAÇÃO FLORESTAL.

ESSA É A “GUILHOTINA DE ÁRVORES” QUE O SENHOR MENCIONA?

FORAM DESTRUÍDAS 42 BILHÕES DE ÁRVORES EM 40 ANOS, CERCA DE 3 MILHÕES DE ÁRVORES POR DIA, 2.000 ÁRVORES POR MINUTO. É O CLIMA QUE SENTE CADA ÁRVORE QUE É RETIRADA DA AMAZÔNIA. O DESMATAMENTO SEM LIMITE ENCONTROU NO CLIMA UM JUIZ QUE CONTA ÁRVORES, NÃO ESQUECE E NÃO PERDOA.

O SR. PODE EXPLICAR?

OS CIENTISTAS QUE ESTUDAM A AMAZÔNIA ESTÃO PREOCUPADOS COM A PERCEPÇÃO DE QUE A FLORESTA É POTENTE E REALMENTE CONDICIONA O CLIMA. É UMA USINA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS. ELA ESTÁ SENDO DESMATADA E O CLIMA VAI MUDAR.

A MUDANÇA CLIMÁTICA…

A MUDANÇA CLIMÁTICA JÁ CHEGOU. NÃO É MAIS PREVISÃO DE MODELO, É OBSERVAÇÃO DE NOTICIÁRIO. OS CÉTICOS DO CLIMA CONSEGUIRAM UMA VITÓRIA ACACHAPANTE, FIZERAM COM QUE GOVERNOS NÃO ACREDITASSEM MAIS NO AQUECIMENTO GLOBAL. AS EMISSÕES AUMENTARAM MUITO E O SISTEMA CLIMÁTICO PLANETÁRIO ESTÁ ENTRANDO EM FALÊNCIA COMO PREVISTO, SÓ QUE MAIS RÁPIDO.

NO ESTUDO O SR. RELACIONA DESTRUIÇÃO DA FLORESTA E CLIMA?

A LITERATURA É ABUNDANTE, HÁ MILHARES DE ARTIGOS ESCRITOS, MAIS DE DUAS DÚZIAS DE PROJETOS GRANDES SENDO FEITOS NA AMAZÔNIA, COM DEZENAS DE CIENTISTAS. LI MAIS DE 200 ARTIGOS EM QUATRO MESES. NESSE ESTUDO QUIS ESCLARECER CONEXÕES, PORQUE ESTA DISCUSSÃO É FRAGMENTADA. “TEMOS QUE DESENVOLVER O AGRONEGÓCIO. MAS E A FLORESTA? AH, FLORESTA NÃO É ASSUNTO MEU”. CADA UM ESTÁ ENVOLVIDO NAQUILO QUE FAZ E A FRAGMENTAÇÃO TEM SIDO MORTAL PARA OS INTERESSES DA HUMANIDADE. QUANDO FIZ A SÍNTESE DESTES ESTUDOS, EU ME ASSOMBREI COM A GRAVIDADE DA SITUAÇÃO.

QUAL É A SITUAÇÃO?

A SITUAÇÃO É DE REALIDADE, NÃO MAIS DE PREVISÕES. NO ARCO DO DESMATAMENTO, POR EXEMPLO, O CLIMA JÁ MUDOU. LÁ ESTÁ AUMENTANDO A DURAÇÃO DA ESTAÇÃO SECA E DIMINUINDO A DURAÇÃO E VOLUME DE CHUVA. AGRICULTORES DO MATO GROSSO TIVERAM QUE ADIAR O PLANTIO DA SOJA PORQUE A CHUVA NÃO CHEGOU. ANO APÓS ANO, NA REGIÃO LESTE E SUL DA AMAZÔNIA, ISSO ESTÁ OCORRENDO. A SECA DE 2005 FOI A MAIS FORTE EM CEM ANOS. CINCO ANOS DEPOIS TEVE A DE 2010, MAIS FORTE QUE A DE 2005. O EFEITO EXTERNO SOBRE A AMAZÔNIA JÁ É REALIDADE. O SISTEMA ESTÁ FICANDO EM DESARRANJO.

A SECA EM SÃO PAULO SE RELACIONA COM MUDANÇA DO CLIMA?

PEGUE O NOTICIÁRIO: O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA CALIFÓRNIA, NA AMÉRICA CENTRAL, EM PARTES DA COLÔMBIA? É MUNDIAL. ALGUÉM PODE DIZER – É MUNDIAL, ENTÃO NÃO TEM NADA A VER COM A AMAZÔNIA. É AÍ QUE ESTÁ A INCOMPREENSÃO EM RELAÇÃO À MUDANÇA CLIMÁTICA: TEM TUDO A VER COM O QUE TEMOS FEITO NO PLANETA, PRINCIPALMENTE A DESTRUIÇÃO DE FLORESTAS. A CONSEQUÊNCIA NÃO É SÓ EM RELAÇÃO AO CO2 QUE SAI, MAS A DESTRUIÇÃO DE FLORESTA DESTRÓI O SISTEMA DE CONDICIONAMENTO CLIMÁTICO LOCAL. E ISSO, COM AS FLUTUAÇÕES PLANETÁRIAS DA MUDANÇA DO CLIMA, FAZ COM QUE NÃO TENHAMOS NENHUMA ALMOFADA.

ALMOFADA?

A FLORESTA É UM SEGURO, UM SISTEMA DE PROTEÇÃO, UMA POUPANÇA. SE APARECE UMA COISA IMPREVISTA E VOCÊ TEM ALGUM DINHEIRO GUARDADO, VOCÊ SE VIRA. É O QUE ESTÁ ACONTECENDO AGORA, NÃO SENTIMOS ANTES OS EFEITOS DA DESTRUIÇÃO DE 500 ANOS DA MATA ATLÂNTICA, PORQUE TÍNHAMOS A “COSTA QUENTE” DA AMAZÔNIA. A SOMBRA ÚMIDA DA FLORESTA AMAZÔNICA NÃO PERMITIA QUE SENTÍSSEMOS OS EFEITOS DA DESTRUIÇÃO DAS FLORESTAS LOCAIS.

O SR. FALA EM TAPETE TECNOLÓGICO DA AMAZÔNIA. O QUE É?

EU QUERIA MOSTRAR O QUE SIGNIFICA AQUELA FLORESTA. ATÉ EUCALIPTO TEM MAIS VALOR QUE FLORESTA NATIVA. SE OLHARMOS NO MICROSCÓPIO, A FLORESTA É A HIPER ABUNDÂNCIA DE SERES VIVOS E QUALQUER SER VIVO SUPERA TODA A TECNOLOGIA HUMANA SOMADA. O TAPETE TECNOLÓGICO DA AMAZÔNIA É ESSA ASSEMBLEIA FANTÁSTICA DE SERES VIVOS QUE OPERAM NO NÍVEL DE ÁTOMOS E MOLÉCULAS, REGULANDO O FLUXO DE SUBSTÂNCIAS E DE ENERGIA E CONTROLANDO O CLIMA.

O SR. FALA EM CINCO SEGREDOS DA AMAZÔNIA. QUAIS SÃO?

O PRIMEIRO É O TRANSPORTE DE UMIDADE CONTINENTE ADENTRO. O OCEANO É A FONTE PRIMORDIAL DE TODA A ÁGUA. EVAPORA, O SAL FICA NO OCEANO, O VENTO EMPURRA O VAPOR QUE SOBE E ENTRA NOS CONTINENTES. NA AMÉRICA DO SUL, ENTRA 3.000 KM NA DIREÇÃO DOS ANDES COM UMIDADE TOTAL. O SEGREDO? OS GÊISERES DA FLORESTA.

GÊISERES DA FLORESTA?

É UMA METÁFORA. UMA ÁRVORE GRANDE DA AMAZÔNIA, COM DEZ METROS DE RAIO DE COPA, COLOCA MAIS DE MIL LITROS DE ÁGUA EM UM DIA, PELA TRANSPIRAÇÃO. FIZEMOS A CONTA PARA A BACIA AMAZÔNICA TODA, QUE TEM 5,5 MILHÕES DE KM2: SAEM DESSES GÊISERES DE MADEIRA 20 BILHÕES DE TONELADAS DE ÁGUA DIÁRIAS. O RIO AMAZONAS, O MAIOR RIO DA TERRA, QUE JOGA 20% DE TODA A ÁGUA DOCE NOS OCEANOS, DESPEJA 17 BILHÕES DE TONELADAS DE ÁGUA POR DIA. ESSE FLUXO DE VAPOR QUE SAI DAS ÁRVORES DA FLORESTA É MAIOR QUE O AMAZONAS. ESSE AR QUE VAI PROGREDINDO PARA DENTRO DO CONTINENTE VAI RECEBENDO O FLUXO DE VAPOR DA TRANSPIRAÇÃO DAS ÁRVORES E SE MANTÉM ÚMIDO, E, PORTANTO, COM CAPACIDADE DE FAZER CHOVER. ESSA É UMA CARACTERÍSTICA DAS FLORESTAS.

É O QUE FAZ FALTA EM SÃO PAULO?

SIM, PORQUE AQUI ACABAMOS COM A MATA ATLÂNTICA, NÃO TEMOS MAIS FLORESTA.

QUAL O SEGUNDO SEGREDO?

CHOVE MUITO NA AMAZÔNIA E O AR É MUITO LIMPO, COMO NOS OCEANOS, ONDE CHOVE POUCO. COMO, SE AS ATMOSFERAS SÃO MUITO SEMELHANTES? A RESPOSTA VEIO DO ESTUDO DE AROMAS E ODORES DAS ÁRVORES. ESSES ODORES VÃO PARA ATMOSFERA E QUANDO TÊM RADIAÇÃO SOLAR E VAPOR DE ÁGUA, REAGEM COM O OXIGÊNIO E PRECIPITAM UMA POEIRA FINÍSSIMA, QUE ATRAI O VAPOR DE ÁGUA. É UM NUCLEADOR DE NUVENS. QUANDO CHOVE, LAVA A POEIRA, MAS TEM MAIS GÁS E O SISTEMA SE MANTÉM.

E O TERCEIRO SEGREDO?

A FLORESTA É UM AR-CONDICIONADO E PRODUZ UM RIO AMAZÔNICO DE VAPOR. ESSA FORMAÇÃO MACIÇA DE NUVENS ABAIXA A PRESSÃO DA REGIÃO E PUXA O AR QUE ESTÁ SOBRE OS OCEANOS PARA DENTRO DA FLORESTA. É UM CABO DE GUERRA, UMA BOMBA BIÓTICA DE UMIDADE, UMA CORREIA TRANSPORTADORA. E NA AMAZÔNIA, AS ÁRVORES SÃO ANTIGAS E TÊM RAÍZES QUE BUSCAM ÁGUA A MAIS DE 20 METROS DE PROFUNDIDADE, NO LENÇOL FREÁTICO. A FLORESTA ESTÁ LIGADA A UM OCEANO DE ÁGUA DOCE EMBAIXO DELA. QUANDO CAI A CHUVA, A ÁGUA SE INFILTRA E ALIMENTA ESSES AQUÍFEROS.

COMO TUDO ISSO SE RELACIONA À SECA DE SÃO PAULO?

NO QUARTO SEGREDO. ESTAMOS EM UM QUADRILÁTERO DA SORTE – UMA REGIÃO QUE VAI DE CUIABÁ ABUENOS AIRES NO SUL, SÃO PAULO AOSANDES E PRODUZ 70% DO PIB DA AMÉRICA DO SUL. SE OLHARMOS O MAPA MÚNDI, NA MESMA LATITUDE ESTÃO O DESERTO DO ATACAMA, O KALAHARI, O DESERTO DA NAMÍBIA E O DA AUSTRÁLIA. MAS AQUI, NÃO, ESSA REGIÃO ERA PARA SER UM DESERTO. E NO ENTANTO NÃO É, É IRRIGADA, TEM UMIDADE. DE ONDE VEM A CHUVA? A AMAZÔNIA EXPORTA UMIDADE. DURANTE VÁRIOS MESES DO ANO CHEGA POR AQUI, ATRAVÉS DE “RIOS AÉREOS”, O VAPOR QUE É A FONTE DA CHUVA DESSE QUADRILÁTERO.

E O QUINTO SEGREDO?

ONDE TEM FLORESTA NÃO TEM FURACÃO NEM TORNADO. ELA TEM UM PAPEL DE REGULARIZAÇÃO DO CLIMA, ATENUA OS EXCESSOS, NÃO DEIXA QUE SE ORGANIZEM ESSES EVENTOS DESTRUTIVOS. É UM SEGURO.

QUAL O IMPACTO DO DESMATAMENTO ENTÃO?

O DESMATAMENTO LEVA AO CLIMA INÓSPITO, ARREBENTA COM O SISTEMA DE CONDICIONAMENTO CLIMÁTICO DA FLORESTA. É O MESMO QUE TER UMA BOMBA QUE MANDA ÁGUA PARA UM PRÉDIO, MAS EU A DESTRUO, AÍ NÃO TEM MAIS ÁGUA NA MINHA TORNEIRA. É O QUE ESTAMOS FAZENDO. AO DESMATAR, DESTRUÍMOS OS MECANISMOS QUE PRODUZEM ESSES BENEFÍCIOS E FICAMOS EXPOSTOS À VIOLÊNCIA GEOFÍSICA. O CLIMA INÓSPITO É UMA REALIDADE, NÃO É MAIS PREVISÃO. TINHA QUE TER PARADO COM O DESMATAMENTO HÁ DEZ ANOS. E PARAR AGORA NÃO RESOLVE MAIS.

COMO NÃO RESOLVE MAIS?

PARAR DE DESMATAR É FUNDAMENTAL, MAS NÃO RESOLVE MAIS. TEMOS QUE CONTER OS DANOS AO MÁXIMO. PARAR DE DESMATAR É PARA ONTEM. A ÚNICA REAÇÃO ADEQUADA NESTE MOMENTO É FAZER UM ESFORÇO DE GUERRA. A EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DIZ QUE A ÚNICA CHANCE DE RECUPERARMOS O ESTRAGO QUE FIZEMOS É ZERAR O DESMATAMENTO. MAS ISSO SERÁ INSUFICIENTE, TEMOS QUE REPLANTAR FLORESTAS, REFAZER ECOSSISTEMAS. É A NOSSA GRANDE OPORTUNIDADE.

E SE NÃO FIZERMOS ISSO?

VEJA PELA JANELA O CÉU QUE TEM EM SÃO PAULO – É DE DESERTO. A DESTRUIÇÃO DA MATA ATLÂNTICANOS DEU A ILUSÃO DE QUE ESTAVA TUDO BEM, E O MESMO COM A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA. MAS ISSO É ATÉ O DIA EM QUE SE ROMPE A CAPACIDADE DE COMPENSAÇÃO, E É ESSE NÍVEL QUE ESTAMOS ATINGINDO HOJE EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS AMBIENTAIS. É MUITO SÉRIO, MUITO GRAVE. ESTAMOS INDO DIRETO PARA O MATADOURO.

O QUE O SR. ESTÁ DIZENDO?

AGORA TEMOS QUE NOS CONFRONTAR COM O DESMATAMENTO ACUMULADO. NÃO ADIANTA MAIS DIZER “VAMOS REDUZIR A TAXA DE DESMATAMENTO ANUAL.” TEMOS QUE FAZER FRENTE AO PASSIVO, É ELE QUE DETERMINA O CLIMA.

TEM QUEM DIGA QUE PARTE DESSES CAMPOS DE FUTEBOL VIRARAM CAMPOS DE SOJA.

O CLIMA NÃO DÁ A MÍNIMA PARA A SOJA, PARA O CLIMA IMPORTA A ÁRVORE. SOJA TEM RAIZ DE POUCA PROFUNDIDADE, NÃO TEM DOSSEL, TEM RAIZ CURTA, NÃO É CAPAZ DE BOMBEAR ÁGUA. OS SISTEMAS AGRÍCOLAS SÃO EXTREMAMENTE DEPENDENTES DA FLORESTA. SE NÃO CHEGAR CHUVA ALI, A PLANTAÇÃO MORRE.

O QUE SIGNIFICA TUDO ISSO? QUE VAI CHOVER CADA VEZ MENOS?

SIGNIFICA QUE TODOS AQUELES SERVIÇOS AMBIENTAIS ESTÃO SENDO DILAPIDADOS. É A MESMA COISA QUE ARREBENTAR TURBINAS NA USINA DEITAIPU – AÍ NÃO TEM MAIS ELETRICIDADE. É DE CLIMA QUE ESTAMOS FALANDO, DA UMIDADE QUE VEM DA AMAZÔNIA. É ESSA A DIMENSÃO DOS SERVIÇOS QUE ESTAMOS PERDENDO. ESTAMOS PERDENDO UM SERVIÇO QUE ERA GRATUITO QUE TRAZIA CONFORTO, QUE FORNECIA ÁGUA DOCE E ESTABILIDADE CLIMÁTICA. UM ESTUDO FEITO NA GEÓRGIA POR UMA ASSOCIAÇÃO DO AGRONEGÓCIO COM ONGS AMBIENTALISTAS MEDIU OS SERVIÇOS DE FLORESTAS PRIVADAS PARA ÁREAS URBANAS. ENCONTRARAM UM VALOR DE US$ 37 BILHÕES. É DISSO QUE ESTAMOS FALANDO, DE UMA USINA DE SERVIÇOS.

As pessoas em São Paulo estão preocupadas com a seca.

SIM, MAS QUANTOS PAULISTAS COMPRARAM MÓVEIS E CONSTRUÍRAM CASAS COM MADEIRA DA AMAZÔNIA E NEM PERGUNTARAM SOBRE A PROCEDÊNCIA? NÃO ESTOU RESPONSABILIZANDO OS PAULISTAS PORQUE EXISTE MUITA INCONSCIÊNCIA SOBRE A QUESTÃO. MAS O PAPEL DA CIÊNCIA É TRAZER O CONHECIMENTO. ESTAMOS CHEGANDO A UM PONTO CRÍTICO E TEMOS QUE AVISAR.

ESSE PONTO CRÍTICO É FICAR SEM ÁGUA?

ENTRE OUTRAS COISAS. ESTAMOS FAZENDO A TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO PARA RESOLVER O PROBLEMA DE UMA ÁREA ONDE NÃO CHOVE HÁ TRÊS ANOS. MAS E SE NÃO TIVER ÁGUA EM OUTROS LUGARES? E SE OCORRER DE A GENTE DESTRUIR E DESMATAR DE TAL FORMA QUE A REGIÃO QUE PRODUZ 70% DO PIB CUMPRA O SEU DESTINO GEOGRÁFICO E VIRE DESERTO? VAMOS BUSCAR ÁGUA NO AQUÍFERO?

NÃO É UMA OPÇÃO?

NO NORTE DE PEQUIM, OS POÇOS ESTÃO JÁ A DOIS QUILÔMETROS DE PROFUNDIDADE. NÃO TEM USO INDEFINIDO DE UMA ÁGUA FÓSSIL, ELA TEM QUE TER ALGUM TIPO DE RECARGA. É UM ESTOQUE, COMO PETRÓLEO. USA E ACABA. SÓ TEM UM LUGAR QUE NÃO ACABA, O OCEANO, MAS É SALGADO.

O esforço de guerra é para acabar com o desmatamento?

TINHA QUE TER ACABADO ONTEM, TEM QUE ACABAR HOJE E TEMOS QUE COMEÇAR A REPLANTAR FLORESTAS. ESSE É O ESFORÇO DE GUERRA. TEMOS NAS FLORESTAS NOSSO MAIOR ALIADO. SÃO UMA TECNOLOGIA NATURAL QUE ESTÁ AO NOSSO ALCANCE. NÃO PROPONHO TIRAR AS PLANTAÇÕES DE SOJA OU A CRIAÇÃO DE GADO PARA PLANTAR FLORESTA, MAS FAZER O USO INTELIGENTE DA PAISAGEM, RECOMPOR AS ÁREAS DE PROTEÇÃO PERMANENTE (APPS) E REPLANTAR FLORESTAS EM GRANDE ESCALA. NÃO SÓ NAAMAZÔNIA. AQUI EM SÃO PAULO, SE TIVESSE FLORESTA, O QUE EU CHAMO DE PAQUIDERME ATMOSFÉRICO…

COMO É?

É A MASSA DE AR QUENTE QUE “SENTOU” NO SUDESTE E NÃO DEIXA ENTRAR NEM A FRENTE FRIA PELO SUL NEM OS RIOS VOADORES DA AMAZÔNIA.

O QUE O GOVERNO DO ESTADO DEVERIA FAZER?

PROGRAMAS MASSIVOS DE REPLANTIO DE REFLORESTAS. JÁ. SÃO PAULO TEM QUE ERRADICAR TOTALMENTE A TOLERÂNCIA COM RELAÇÃO A DESMATAMENTO. SEGUNDA COISA: TER UM ESFORÇO DE GUERRA NO REPLANTIO DE FLORESTAS. NÃO É REPLANTAR EUCALIPTO. MONOCULTURA DE EUCALIPTO NÃO TEM ESTE PAPEL EM RELAÇÃO A CICLO HIDROLÓGICO, TEM QUE REPLANTAR FLORESTA E ACABAR COM O FOGO. PODERIA COMEÇAR RECONSTRUINDO ECOSSISTEMAS EM ÁREAS DEGRADADAS PARA NÃO COMPETIR COM A AGRICULTURA.

ONDE?

NOS MORROS PELADOS ONDE TEM CAPIM, NOS VALES, EM ÁREAS ÍNGREMES. EM VALES ONDE SÓ TEM CAPIM, TEM QUE PLANTAR ÁRVORES DA MATA ATLÂNTICA. O ESFORÇO DE GUERRA PARA REPLANTAR TEM QUE JUNTAR TODA A SOCIEDADE. PRECISAMOS RECONSTRUIR AS FLORESTAS, DA MELHOR E MAIS RÁPIDA FORMA POSSÍVEL.

E O DESMATAMENTO LEGAL?

NEM PODE ENTRAR EM COGITAÇÃO. UMA LEI QUE NÃO LEVOU EM CONSIDERAÇÃO A CIÊNCIA E PREJUDICA A SOCIEDADE, QUE TIRA ÁGUA DAS TORNEIRAS, PRECISA SER MUDADA.

O QUE ACHOU DE DILMA NÃO TER ASSINADO O COMPROMISSO DE DESMATAMENTO ZERO EM 2030, NA REUNIÃO DA ONU, EM NOVA YORK?

UM ABSURDO SEM PARALELO. A REALIDADE É QUE ESTAMOS INDO PARA O CAOS. JÁ TEMOS CARROS-PIPA NA ZONA METROPOLITANA DE SÃO PAULO. ESTAMOS PERDENDO BILHÕES DE DÓLARES EM VALORES QUE FORAM DESTRUÍDOS. QUEM É O RESPONSÁVEL POR ISSO? UM DIA, QUANDO A SOCIEDADE SE DER CONTA, A JUSTIÇA VAI RECEBER ACUSAÇÕES. IMAGINE SE AS GRANDES ÁREAS URBANAS, QUE FICAREM EM PENÚRIA HÍDRICA, RESPONSABILIZAREM OS GRANDES LORDES DO AGRONEGÓCIO PELO DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA. ESPERO QUE NÃO SE CHEGUE A ESSA SITUAÇÃO. MAS A REALIDADE É QUE A TORNEIRA DA SUA CASA ESTÁ SECANDO.

Quanto a floresta consegue suportar?

TEMOS UMA FLORESTA DE MAIS DE 50 MILHÕES DE ANOS. NESSE PERÍODO É IMPROVÁVEL QUE NÃO TENHAM ACONTECIDO CATACLISMAS, GLACIAÇÃO E AQUECIMENTO, E NO ENTANTO A AMAZÔNIA E AMATA ATLÂNTICA FICARAM AÍ. QUANDO A FLORESTA ESTÁ INTACTA, TEM CAPACIDADE DE SUPORTAR. É A MESMA CAPACIDADE DO FÍGADO DO ALCOÓLATRA QUE, MESMO TOMANDO VÁRIOS PORRES, NÃO ACONTECE NADA SE ESTÁ INTACTO. MAS O DESMATAMENTO FAZ COM QUE A CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA QUE TÍNHAMOS, COM A FLORESTA, FIQUE PERDIDA.

AÍ VEM UMA FLUTUAÇÃO FORTE LIGADO À MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL E NÓS FICAMOS MUITO EXPOSTOS, COMO É O CASO DO “PAQUIDERME ATMOSFÉRICO” QUE SENTOU NO SUDESTE. SE TIVESSE FLORESTA AQUI, NÃO ACONTECERIA, PORQUE A FLORESTA RESFRIA A SUPERFÍCIE E EVAPORA QUANTIDADE DE ÁGUA QUE AJUDA A FORMAR CHUVA.

O ESFORÇO TERÁ RESULTADO?

ISSO NÃO É GARANTIDO, PORQUE EXISTEM AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS, MAS RECONSTRUIR ECOSSISTEMAS É A MELHOR OPÇÃO QUE TEMOS. QUEM SABE A GENTE DESENVOLVA OUTRA AGRICULTURA, MAIS HARMÔNICA, DE SERVIÇOS AGROECOSSISTÊMICOS. NÃO TEM NENHUMA RAZÃO PARA O ANTAGONISMO ENTRE AGRICULTURA E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL. AO CONTRÁRIO. A AGRICULTURA CONSCIENTE, QUE SOUBESSE O QUE A COMUNIDADE CIENTÍFICA SABE, ESTARIA NA RUA, COM CARTAZES, EXIGINDO DO GOVERNO PROTEÇÃO DAS FLORESTAS. E, POR INICIATIVA PRÓPRIA, REPLANTARIA A FLORESTA NAS SUAS PROPRIEDADES.

 

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15
Ago15

O país da água

por Hilton Besnos

FONTE: CONEXÃO ISRAEL

http://www.conexaoisrael.org/o-pais-da-agua/2014-05-15/amir

O país da água

Como Israel venceu um dos seus maiores desafios e transformou-se em uma nação com excesso de recursos hídricos?

Uma fonte de problemas políticos e econômicos

Desde antes da criação do Estado, a questão do abastecimento de água esteve na pauta de prioridades das lideranças sionistas. Um dos motivos da criação dos livros brancos na época do mandato britânico, que restringiam à imigração de judeus a terra de Israel na época doIshuv, foi o relatório escrito peloexpert em agricultura, Sir John Hope Simpson, que apontava para um gargalo no suprimento de água na região, impedindo assim qualquer aumento populacional, sob pena de uma total escassez de recursos hídricos para seus habitantes.

A apreensão apenas se intensificou após 1948. Em menos de dez anos, a população do país mais do que duplicou e a falta de suprimento de água figurava entre os principais desafios do recém-criado estado.

O tempo passou, mas o desafio continuava. O desenvolvimento agrícola restringia-se de acordo com as possibilidades do país – a escolha do tipo de produto agrícola dependia da quantidade de água necessária para o seu plantio. A disputa pelos recursos hídricos serviu de fonte de atritos políticos tanto com a Síria, como com a Jordânia. Inclusive, a disputa pela água do rio Jordão foi um dos principais motivos causadores da Guerra dos Seis Dias. Ou seja, a água era tanto um problema estratégico interno que limitava o desenvolvimento econômico, como uma fonte reincidente de atritos com os países vizinhos.

imagem kineret

Se a demanda aumenta…

Sir John Hope Simpson tinha razão em dizer que o aumento da demanda tornaria inviável a questão hídrica no país, mas ele errou em acreditar que a oferta de água se manteria estática.

Havia espaço para novas fronteiras tecnológicas. A revolução teve origem na utilização de duas novas fontes de água não consideradas previamente: a água tratada do esgoto e a água proveniente do processo de dessalinização.

O gráfico 1 nos mostra a evolução da quantidade de água tratada por esgoto (reutilizada para fins agrícolas) e a água obtida por meio do processo de dessalinização em 1990, 2000, 2010 e 2011.

 grafico1

Por falta de dados mais detalhados para todas as categorias, não expus as quantidades atuais, mas estima-se que em 2013, as plantas de dessalinização já detém o potencial de produzir 505 milhões de metros cúbicos (mais que o dobro do que está apontado no gráfico para o ano de 2011). Uma revolução. O avanço tecnológico se deu por conta de um grande investimento do governo em plantas de dessalinização, mesmo quando estas ainda eram economicamente inviáveis.

Na última década, beneficiados pela descoberta de campos de gás natural – fato este que torna menos custosa a produção de água por este método, reconhecido por seu altíssimo consumo de energia – os israelenses passaram a contar com uma fonte segura de abastecimento. Estima-se que o custo baixou de $1 por metro cúbico para $0.40, ou até menos nas plantas mais modernas.

Paralelamente, Israel criou um esquema de tratamento de água de esgoto para fins agrícolas que está entre os mais desenvolvidos do mundo. Como pode ser visto no gráfico 2, a partir de 2011 o uso deste tipo de água foi maior que o uso de água doce na agricultura. A utilização deste recurso tem dois benefícios simultâneos: introduz uma nova e importantíssima fonte de água para o país e reduz a necessidade do uso de fertilizantes, já que a água reciclada já contém diferentes nutrientes que ajudam no enriquecimento do solo.

grafico2

As consequências

Da mesma forma que no campo político, a questão da água passou de motivos de guerra para a assinatura de acordos de paz com os jordanianos, a receita pode repetir-se agora que Israel goza de um saldo de recursos. Este superávit pode ser uma importante moeda de troca em uma região em que a água ainda é escassa e disputada. Se não diretamente, a elaboração de projetos de cooperação em conjunto com países vizinhos pode vir a ser um fator essencial na criação de uma utópica (hoje em dia!) integração regional.

Gráfico 3 – Variação do nível da água do lago Kineret

A linha vermelha de baixo representa o limite inferior: o momento de preocupação do israelense

Enquanto isso, a população segue observando atentamente o nível de água do lago Kineret (gráfico 3). Anos de poucas chuvas são marcados por apreensão, enquanto anos chuvosos ainda são comemorados. A cultura por aqui continua a mesma, seja por desconhecimento, seja por tradição.

Particularmente, não acredito que a população mudará seu comportamento, já que esta cultura de valorização dos recursos hídricos passou a ser uma marca da sociedade – ela está enraizada no pensamento do israelense.

Mas mais importante que isso, a história da água apresenta uma característica ainda mais marcante desta sociedade. Característica esta que foi a responsável pela idealização, criação e segue hoje sendo um pilar básico da continuação deste Estado: a exímia capacidade de transformar desafios em oportunidades.

Fontes:

http://www.haaretz.com/news/national/1.570374

http://www.water.org.il/

http://www.mekorot.co.il/HEB/WATERRESOURCESMANAGEMENT/CONSUMEDATA/Pages/default.aspx

http://www.mekorot.co.il/Heb/articles/Pages/Kinneret.aspx

www.cbs.gov.il

Livro de ouro da agricultura e colonização – Editado pelo jornal Maariv, 2012

 

 

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