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23
Ago15

Post's market

por Hilton Besnos

Ao ler o facebook, tenho a impressão de que estou em um grande mercado, cada um (lojinha) postando o que lhe aprouver sem nenhum critério. Não estou criticando ninguém em específico, mas apenas constatando que é como se eu estivesse vendo televisão, com flashes curtos. O facebook é indispensável para que eu fale com pessoas que quero muito perto de mim, sem dúvida alguma, e até criamos amizades nele ou a partir dele, mas para tanto temos de percorrer a via crucis. Abraços. HILTON BESNOS

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19
Ago15

O nome disso é misoginia

por Hilton Besnos

https://www.facebook.com/grupogemis

 

 

ELA NÃO FEZ NADA PARA ELE "PERDER A CABEÇA"
O NOME DISSO É MISOGINIA

Por que não questionamos os homens sobre a violência que eles cometem? Por que não perguntamos para o agressor "por que você bateu nela?", "Por que você a mutilou?", "Por que você tentou matá-la?", "Por que você a estuprou?". A resposta para todas essas perguntas, com as particularidades de cada caso, serão sempre a misoginia e machismo que estão naturalizados na nossa sociedade.

Então por que jornalistas pensam ser razoável confrontar uma vítima de violência com a pergunta "por que não se separou no primeiro tapa?". Esse tipo de questionamento é exatamente culpabilizar a vítima por algo que ela passou. Colocar a pergunta na boca do leitor não justifica o fato dela ter sido feita e publicada. Ao perguntar isso, se está sugerindo que ela poderia ter se salvado, que foi tudo culpa dela, que ela deveria ter percebido. Milhões de mulheres são agredidas por seus parceiros todos os dias.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres estima que, a cada 12 segundos, uma mulher é vítima de violência física. O Mapa da Violência 2012: homicídios de mulheres – documento mais recente sobre o tema – aponta que os feminicídios acontecem na esfera doméstica: 68,8% dos atendimentos a mulheres vítimas de violência aconteceram na residência das próprias vítimas e, em pouco menos da metade dos casos, o perpetrador é o parceiro ou ex-parceiro da mulher. Na faixa etária de 20 à 49 anos de idade – a mesma de Gisele Santos, brutalmente agredida pelo parceiro – o percentual é assustador: 65%.

A reincidência dos casos é grande, assim como na situação de Gisele: supera os 50%, na faixa etária entre 20 e 49 anos. Por que eles continuam com esta violência? Por que se sentem exatamente que a nossa sociedade culpa elas por tudo o que fazem. Quando se separam, culpam elas por terem feito isso, e quando permanecem, também culpam por serem agredidas, espancadas, estupradas, mortas.

Gisele quase foi morta, ela se recupera de um horrível trauma que a trará inúmeros incômodos e dificuldades durante a vida toda. E a pergunta que "os leitores" querem fazer para ela -- e que algum jornalista acreditou que seria uma boa ideia passar adiante -- é o que "ela fez" para ele perder a cabeça. O que ela fez? Não foi mais propriedade dele, só isso.

O nome disso é misoginia e é tentativa de feminicídio. Isso não é um "crime por ciúmes" e nem um "crime passional", como alguns jornalistas insistem em publicar. Isso é uma epidemia na sociedade brasileira de homens que pensam que mulheres são sua propriedade e, por isso, pensam ter o direito de agredi-las.

Quem é jornalista sabe (ou deveria saber) que o trabalho produzido é feito por meio de escolhas, mesmo que inconscientes. O que se quer publicar e o que se quer omitir. O que se acredita ser relevante para o leitor e o que se acredita não ter importância. A publicação dessas perguntas mostra que a subjetividade dos profissionais envolvidos na matéria é permeada pelos mesmos valores de certa parte da sociedade, que pensa que a culpa pela violência sofrida pelas mulheres é delas próprias.

Arte: Nádia Campos Alibio

Foto de Gemis - Gênero, Mídia e Sexualidade.
 
 

 

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17
Ago15

 

A DO DIA. Não, não é a corrupção que incomoda a classe dominante. Inclusive muitos só chegaram lá graças às pequenas médias e grandes corrupções, escondidinhas nas gavetas do fundo das histórias familiares, naqueles cofres e caixas de pandora às quais ninguém tem acesso… Então, a questão não é a corrupção, mas o empoderamento da classes que as dominantes consideram subalternas, problemáticas, menores, povinho, enfim. O que se vê hoje no Brasil sequer é uma contestação política séria, mas a volta da manutenção de um status quo que se sente ameaçado. Porque acostumou-se e foi acostumada ao longo da história a não compartilhar nada. A grande crise que vivemos hoje no Brasil é a luta interminável, injusta e cruel entre PREDADORES X PREDADOS.

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15
Ago15

Meus 60 anos

por Hilton Besnos

A DO DIA – NINGUÉM faz sessenta sem ter uma história. Eu tenho várias, muitas que me fizeram emocionar, que me paralisaram, que me deixaram eufórico, que me fizeram gozar muito (e não no sentido primeiro que se pense, embora não possa reclamar!) da vida. Tenho lembranças maravilhosas, tenho flashes que levarei comigo e daqui para quando viver. Mas algo sempre me acompanhou, independentemente da minha idade, da minha formação, enfim, de tudo, a música. Como tenho sessenta, ouvi muita música. Bossa nova e músicas nostálgicas, e talvez daí me venho a propensão a ter a nítida impressão de ter vivido coisas que eu não vivi, em épocas que não havia nascido, ou não tinha idade para aproveitar. Há, pois, comigo, experiências vividas e não vividas. É estranho? Sim e não. Ouvi Nat King Cole, Carl Porter, descobri sons novos, circulei pelo erudito, aprendi muito, mas em todo o caso, nada seria como é se não fosse a música.

Minha melancolia resullta de uma alma inquieta, uma alma que muitas vezes se confrange e chora desesperadamente, sem que ninguém note, por que o rosto esconde o que estou sentindo. Não cultivo subterfúgios, e o mais complicado é as pessoas que me conhecem superficialmente me entenderem. Como sou ótimo em relações pessoais, elas não entendem que eu posso me aborrecer com determinadas atitudes.

No entanto, há amizades que conservo muito, porque respeito a opinião dos outros, mas não admito que desrespeitem as minhas. Não gosto de molecagem, de pessoas que dizem o que querem porque estão bebadas ou porque passam por uma crise. Eu também tenho minhas crises, e sei valorizar minhas amizades. Meus amigos são pessoas muito legais, e fazem parte, cada uma delas, das minhas trilhas sonoras.  Tenho para cada uma uma música que a defina. Mas gosto mesmo é de amizades Stardust. HILTON BESNOS.

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15
Ago15

Caráter e paradigma

por Hilton Besnos

O único paradigma humano real é o caráter, os demais são infindos pontos de interesse que flutuam, aqui e ali sem qualquer outro sentido senão confirmarem a si próprios e influírem sobre a sociedade, criando ou mantendo estruturas de poder. O caráter é ouro, é uma permanência de e em honra, coragem, fidelidade, conferindo o sentido mais real da locução fiducia latina e é um sinal que te distingue dos que não o possuem e te aproxima dos melhores.

Quem tem caráter sacrifica muitas vezes seus interesses reais pelo que lhe torne a consciência tranquila, não por pieguice nem pela vaidade fútil da admiração alheia, mas, simplesmente, por valores acreditados. Talvez por isso o caráter não seja um bem circulante, no comércio. Sua maior riqueza está ligada ao Nome, não aquele que se associa à arrogância, às fortunas, aos interesses apócrifos e mesquinhos, mas, tão-só ao Nome.

O Nome e o caráter se retroalimentam, são autopoiéticos e associam-se de tal modo que se tornam indissociáveis e indissolúveis. São ambos, o Nome e o caráter, símbolos plenos de respeito e de autoridade. Ambos são reconhecidos quase como uma entidade.

Porém, como todos os demais paradigmas, também o caráter há de ser ensinado e aprendido. Não pode ser ensinado por quem não o ostenta, não pode ser aprendido por quem coloca o mundo a seus serviços e vontades.

O caráter faz com que dúvidas sejam afastadas, partindo de princípios simples e universalmente reconhecidos. É aprendido todos os dias, desde que nascemos, e se traduz pela serenidade em reconhecer-se no Outro, naquele que não somos, mas poderíamos ser. Assim, o caráter prescinde de grandes discursos, de eloqüências e de suportes ideológicos e/ou religiosos. Ao caráter, basta ver-se no Outro. Ao caráter, basta manifestar-se em relação ao Outro. Ao caráter basta bastar-se.

Ter caráter é compromissar-se com aquilo que aprendemos. Talvez, aí, resida o verdadeiro espírito de fraternidade: solidarizar-me com o que sei, com o que acredito, e não transigir por interesses mesquinhos. Quando me solidarizo com o Outro, o faço comigo mesmo, me torno congruente ante minhas convicções, que não são pedras, e, especialmente, me torno congruente ante minhas escolhas. HILTON BESNOS

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14
Ago15

Crenças e razão

por Hilton Besnos

A DO DIA - Normalmente crenças não podem ser modificadas pela razão, que simplesmente se deixa morrer no casulo. Nesse momento, a pessoa, dominada, enxarcada pela crença, passa a ser nada mais que um guerreiro pronto a matar ou imolar-se pela causa. Sim, por que nesse estágio não há somente uma crença, mas uma causa, ações que apóiam essa crença. Isso nada mais é do que o princípio do caos. HILTON BESNOS

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13
Ago15

Colonialismo cultural

por Hilton Besnos

A DO DIA. Desde o paradigma cartesiano (René Descartes, 1596 – 1650) e da Revolução Francesa, passamos a pensar em termos de duplicidades excludentes entre si, o que influenciou decisivamente não apenas os critérios científicos e políticos, mas também o modo de vermos o mundo. Hoje em dia, embora pensadores como Einstein, Heisemberg, Morin, Capra e outros nos ensinarem que soluções parcialistas e padrões excludentes entre si não mais explicam o mundo em que vivemos, insistimos em um gap cultural, como diria De Masi. Continuamos nos relacionando e vendo o mundo em termos de padrões excludentes sem sentido.

Por isso, assim como o pensamento descartiano nos fazia crer em padrões dissentes (dia, noite – espírito, matéria – bem, mal – razão, sentimento – céu, terra – escuridão, clareza – direita, esquerda et caterva) e incorporamos esse tipo de raciocínio, temos dificuldades enormes de encararmos a realidade simples, e, especialmente, de transitarmos entre essas duplicidades do cotidiano e dos nossos semelhantes.

Nesse sentido, creio que aprendemos pouco desde o século XVII. Por isso, embora os próprios físicos insistam em que o observador não é neutro, na medida em que não pode abortar suas próprias ideias a respeito do que observa, continuamos nos degladiando ad eternum para provarmos que nossas teses são as mais corretas, que nossas verdades são as mais irretocáveis, que as nossas ironias são humor, que as nossas falsidades são um exercício metafórico, e que o poder somente será melhor se estiver nas mãos de quem elegemos para tanto.

Na verdade somos ingênuos. Talvez a maior dessas vilanias seja pensarmos em que os demais é que são ingênuos, desprezarmos a inteligência alheia ou – pior – não seguirmos o que nos disse e nos ensinou Paulo Freire – aprendemos com o outro e através do outro ou, para quem gosta de literatura, citando ocasionalmente Saramago – tentar convencer o outro de nossas convicções não passa de colonialismo cultural.

Abraços a todos.

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